quarta-feira, 26 de julho de 2017

A MEDICINA, como a POESIA, deve estar a serviço do AMOR. Prado Veppo & Bezerra de Menezes

           "
Sempre me perguntaram como conseguia conciliar a Medicina com a Poesia. Davam a entender que as duas eram incompatíveis.
              Creio não haver outra profissão científica mais afinada com o poético do que a que cuida da infância, do ciúme, da morte e do luto.
              São os temas eternos da poesia.


POEMA DO PLANTÃO DE HOSPITAL

Estou aqui para as angústias
E devo esperar os desesperados
A dor me chamará na madrugada
E verei o medo nos olhos
Entumecidos de súplica.

Estou aqui para marcar-me
De gritos enlouquecidos 
E sentir a vida fugir 
Das minha mãos de brinquedo.
Mas eu sei que estou aqui,
Branco espantalho da morte, 
A protelar despedidas.

A MEUS PACIENTES
QUE VALORIZARAM MINHA VIDA
COM SUA HUMANIDADE

A medicina, como a Poesia, deve estar a serviço do amor.

Cavaleiros da Vida e da Morte, 1997, Prado Veppo,1932/1999

SE FOSSE VIVO hoje, Bezerra de Menezes, 1831/1900 certamente se indignaria com o comportamento de alguns médicos. Motivo ? Prestem atenção em sua declaração sobre o exercício da profissão: 
" Um médico não tem  o direito de terminar uma refeição nem de perguntar se é longe ou se é perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. 
O que  não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau caminho ou mau tempo, ficar longe ou no morro, o que sobretudo pede um carro a quem não tem como pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro - esse não é médico, é negociante da medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado...."
Planeta, nov 2008


A única finalidade da ciência é aliviar a miséria da existência humana: nascimento, velhice, doença, morte. Nasceu, tá envelhecendo, vai morrer. Não adoeça.  Memória de Gari.






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