quarta-feira, 22 de abril de 2015

Dançam depressa, disciplinados e decididos 
dez dedos delgados da datilógrafa dinâmica 
que decifra  documentos do déspota draconiano 
para diário do deputado demagôgo  decrépitos 
senectos  e despotados da Câmara e Senado.

O rato, a ratazana e o ratinho roeram as 
rútilas roupas e rasgaram as ricas rendas 
da rainha Dona Urraca de Rombarral.

Ri o roto do esfarrapado, 
ri o torto do atarracado, 
mas não ri do morto o aparvalhado.

Mas quem será o partido ?
Estará sentado numa sala 
com telefone porém sem ouvidos ?
E o que pensará esse partido ?
Será de homens ou de senhores ?
Por onde rastejará esse partido agora ?
E quando se erguer verá o horizonte ?

Se vestirá com a roupa dos sofridos ?
Sentir com o coração de Chagas
alinhar nas filas atrás de vaga
pensar com a cabeça dos ofendidos
morar na casa dos aparvalhados
lutar aonde formos atacados
na luta e no gozo dar sentido
à vida: eis o partido.

Não um partido de avenidas, mas dos atropelados.
Não um partido de discursos, mas de discussão.
Para a política, não só para eleições.
Não um partido finalmente, mas o começo 
do futuro.
                   O futuro não começa com estrondos
                   não começa com suplicantes gemidos:
                  O futuro
começa com  nosso partido.

Como começar nosso partido ?

Era o que perguntava o Núcleo de Trabalho Alternativa em POESIA URGENTE PARA O TEMPO PRESENTE durante 2º Encontro Estadual de Teatro, na Assembléia Legislativa, Porto Alegre, RS em 1978.  E assim se passaram 37 anos

Um comentário:

  1. O PARTIDO - refazendo Brecht e Elliot
    Núcleo de Trabalho Alternativa, 1978, Porto Alegre, RS

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