Não há coisa dita que não tenha sido dita antes.
Variam pessoas, tempo, espaço, forma.
MEMÓRIA DE GARI ano XL outono 516
' Quem conhece a imprensa, na área "ocidental e cristã",
isto é, na área capitalista do mundo, sabe que a chamada
" liberdade de imprensa " não passa de mito,
cuidadosamente alimentado para prolongar a ideia
de que há algum parentesco entre opinião de jornal e interesse público.'
' Se a ação da imprensa dita "sadia' na defesa dos interesses internacionais é rotineira, acontece, de quando em quando, que os seus órgãos tomam a rigor determinadas e notórias campanhas, isto é, operam organizadamente e como orquestrados.
Nos Estados Unidos, os especialistas conhecem essas campanhas orquestradas como crusades.
Envolvem sempre poderosos interesses e obedecem a comando.'
A ampla e sistemática campanha pela entrega da exploração petrolífera,aqui aos monopólios estrangeiros e a sistemática difamação de todos aqueles que se batiam pela solução do monopólio estatal nessa exploração, com auge em 1953, por exemplo.
Aquela desenvolvida, em 1963, contra o governo Goulart e que levou a ditadura. Salvo na do petróleo, tais campanhas se desenvolveram pela conjugação de imprensa, rádio, e televisão, estes últimos, meios de comunicação de massa, integrados, como se sabe, nas grandes empresas jornalísticas.multiplicando os efeitos de orientações bem articuladas e desenvolvidas.
Tudo isso vem a propósito do seguinte: pela primeira vez,
desde a implantação da ditadura no Brasil, a imprensa desenvolve, aqui, uma campanha orquestrada, uma crusade.
O alvo dessa campanha vem sendo a área estatal da economia. Diariamente, os jornais da grande imprensa voltam suas baterias contra aquela área e fulminam os que a defendem, exigindo do poder que ela seja reduzida, restituindo-se à " iniciativa privada ", empresas, privilégios e lucros.
" Recursos para financiamento de longo prazo abarrotam as caixas do governo. Querem resultados ? Transfira-se a gestão desses fundos a quem tenha comprovada capacidade e experiência para assegurar-lhes efeito multiplicado imediato "
Desse achacamento direto, o editorial partia para o diagnóstico sombrio:
" O quarto mês do ano confirma a perda do ritmo produtivo sob uma inflação em curva ascendente. Uma questão de confiança afeta o setor privado porque vozes com permissão de falar em nome do governo restauram o dialeto distributivista e o sotaque xenófobo vigentes antes de 1964. "
Apelava para o patético : " Não há, a rigor, espaço vazio e sim caixas vazias nas empresas e bolso vazios no consumo."
Pags. 31 a 37 - 26 de abril de 1976.
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