segunda-feira, 26 de março de 2018

Érico Veríssimo, Brecht, Fernando Peixoto, 1974





Brecht - Vida e Obra , Fernando Peixoto, José Alvaro, Editor/ Paz e Terra, 1974

Um comentário:


  1. O humorista de Petrópolis VFCV
    Abrão Slavutzky*



    O bairro Petrópolis tem a sorte de ser iluminado pela beleza do Jardim Botânico. É o bairro da Igreja São Sebastião e do Centro Espírita da Caju. E também vive por aqui o humorista mais conhecido do Brasil. Acertou quem já imaginou que se trata do colorado Luis Fernando Verissimo. Um rebelde que nem aos oitenta e um anos arrefeceu seu entusiasmo de viver e escrever. Diminuíram suas ilusões, como a de nós todos, mas mantém o princípio esperança.

    LFV ficou realmente popular desde que nasceu seu filho mais famoso, o Analista de Bagé. Este e o Amigo da Onça são os personagens mais marcantes do humor brasileiro, disse Millôr Fernandes. Em 2006, já tinha vendido cinco milhões de exemplares e hoje está com quase cem livros publicados. Ainda foi pouco explicado como no estado que se orgulha de guerras pôde nascer um humorista que faz o Brasil rir. Dizem que também foi influência da sua vida no Rio de Janeiro, tanto que casou com a carioca Lucia.

    A velha e a jovem guardas do humor o aplaudem de pé. Escritor de livros de crônicas, novelas, redator para televisão, cartunista, emociona seus milhões de leitores. Utiliza um humor do absurdo na linha do grupo inglês Monty Python. Tem uma visão de mundo sonhadora, é um cético otimista, como escreveu: “Viva todos os dias como se fosse o seu último. Um dia você acerta”. Acertou Furtado quando afirmou que ele é o melhor escritor de diálogos do Brasil. Seus recursos são o nonsense levado ao extremo, e às vezes chega a ser melancólico sem perder a leveza.

    Soube escolher suas musas: “Escrevi uma vez que era um cético, só acreditava no que pudesse tocar: não acreditava na Luíza Brunet, por exemplo. Cruzei com a Luíza Brunet num dos camarotes de um carnaval. Ela me cobrou a frase, e disse que eu podia tocá-la para me convencer da sua existência. Toquei-a. Não me convenci. Não pode existir mulher tão bonita e tão simpática ao mesmo tempo. Vou precisar de mais provas”.

    Voltaire escreveu que os céus nos deram a esperança e o sono para compensar as vicissitudes da vida. Kant acrescentou o riso. Por isso, se nestes tempos temerosos ainda existem sábios, eles são os humoristas. O humor está sempre a revelar o outro lado do sentido, e abre assim as portas do absurdo. A vida sem arte perderia o encanto, sem humor perderia a graça. O humor nos dá um ponto de observação para ver o mundo com outra lógica, revelando assim o desconhecido. Aí constrói uma ponte com a Psicanálise como Freud escreveu em 1927, mas o humor se mantém marginal no mundo psi. Aliás, o humor é uma visão de mundo que não se integra à vida institucional. Ter sentido de humor é ter um dom precioso e raro, pois diminui a mortificação de viver; já ter o dom de fazer o humor é uma sabedoria.

    Por tudo isso, imaginei que devíamos criar o Festival Verissimo. A cada dois anos a cidade teria eventos musicais, teatrais, exposições e debates sobre a obra do LFV e o humor em geral. Neste ano sugiro que a convidada especial seja a Escola de Samba Paraíso do Tuiuti. O Festival é só uma fantasia, mas imaginar é preciso.

    Verissimo, tu sabes que o humor é uma graça, diminui os sofrimentos cotidianos. Os humoristas como tu alegram a existência. Por tudo e mais um pouco, muito obrigado, de coração.

    *Psicanalista

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