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Sempre me perguntaram como conseguia conciliar a Medicina com a Poesia. Davam a entender que as duas eram incompatíveis.
Creio não haver outra profissão científica mais afinada com o poético do que a que cuida da infância, do ciúme, da morte e do luto.
São os temas eternos da poesia.
POEMA DO PLANTÃO DE HOSPITAL
Estou aqui para as angústias
E devo esperar os desesperados
A dor me chamará na madrugada
E verei o medo nos olhos
Entumecidos de súplica.
Estou aqui para marcar-me
De gritos enlouquecidos
E sentir a vida fugir
Das minha mãos de brinquedo.
Mas eu sei que estou aqui,
Branco espantalho da morte,
A protelar despedidas.
A MEUS PACIENTES
QUE VALORIZARAM MINHA VIDA
COM SUA HUMANIDADE
A medicina, como a Poesia, deve estar a serviço do amor.
Cavaleiros da Vida e da Morte, 1997, Prado Veppo,1932/1999
SE FOSSE VIVO hoje, Bezerra de Menezes, 1831/1900 certamente se indignaria com o comportamento de alguns médicos. Motivo ? Prestem atenção em sua declaração sobre o exercício da profissão:
" Um médico não tem o direito de terminar uma refeição nem de perguntar se é longe ou se é perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta.
O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau caminho ou mau tempo, ficar longe ou no morro, o que sobretudo pede um carro a quem não tem como pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro - esse não é médico, é negociante da medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado...."
Planeta, nov 2008
A única finalidade da ciência é aliviar a miséria da existência humana: nascimento, velhice, doença, morte. Nasceu, tá envelhecendo, vai morrer. Não adoeça. Memória de Gari.
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