Dançam depressa, disciplinados e decididos
dez dedos delgados da datilógrafa dinâmica
que decifra documentos do déspota draconiano
para diário do deputado demagôgo decrépitos
senectos e despotados da Câmara e Senado.
O rato, a ratazana e o ratinho roeram as
rútilas roupas e rasgaram as ricas rendas
da rainha Dona Urraca de Rombarral.
Ri o roto do esfarrapado,
ri o torto do atarracado,
mas não ri do morto o aparvalhado.
Mas quem será o partido ?
Estará sentado numa sala
com telefone porém sem ouvidos ?
E o que pensará esse partido ?
Será de homens ou de senhores ?
Por onde rastejará esse partido agora ?
E quando se erguer verá o horizonte ?
Se vestirá com a roupa dos sofridos ?
Sentir com o coração de Chagas
alinhar nas filas atrás de vaga
pensar com a cabeça dos ofendidos
morar na casa dos aparvalhados
lutar aonde formos atacados
na luta e no gozo dar sentido
à vida: eis o partido.
Não um partido de avenidas, mas dos atropelados.
Não um partido de discursos, mas de discussão.
Para a política, não só para eleições.
Não um partido finalmente, mas o começo
do futuro.
O futuro não começa com estrondos
não começa com suplicantes gemidos:
O futuro
começa com nosso partido.
Como começar nosso partido ?
Era o que perguntava o Núcleo de Trabalho Alternativa em POESIA URGENTE PARA O TEMPO PRESENTE durante 2º Encontro Estadual de Teatro, na Assembléia Legislativa, Porto Alegre, RS em 1978. E assim se passaram 37 anos
O PARTIDO - refazendo Brecht e Elliot
ResponderExcluirNúcleo de Trabalho Alternativa, 1978, Porto Alegre, RS